Nos últimos anos temos nos deparado com uma série de indagações acerca dos desafios da agricultura moderna, principalmente os relacionados à pressão internacional quanto à expansão da fronteira agrícola, as mudanças climáticas e o aumento na implantação de sistemas de irrigação. Vários profissionais têm expressado suas preocupações, bem como suas perspectivas para o mundo daqui a 10, 20 e 30 anos.
Fato é que, desde que a Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou um relatório em 2013 acerca da projeção do aumento populacional e demanda por alimentos para o ano de 2050, o maior desafio da agricultura moderna se tornou “aumentar a oferta de alimentos em 70% para abastecer 9,6 bilhões de pessoas”.
Este relatório provocou mudanças profundas na gestão de propriedades rurais, pois estas deixaram de ser guiadas pela Lucratividade e se tornaram orientadas pela Responsabilidade Social e humanitária. Assim, a busca por novas tecnologias e ferramentas que permitam maximizar a produção e
principalmente reduzir impactos ambientais tornou-se constante na vida dos gestores de propriedades rurais.
Dentre as diversas tecnologias introduzidas junto ao agronegócio neste período, a agricultura de precisão (AP) se consolidou como um divisor de águas no quesito maximização da produção com redução de impactos ambientais. Definida como um sistema de gerenciamento da produção agrí:ola, ela consiste num agregado de ferramentas e procedimentos de otimização da produção, tendo como elemento chave o gerenciamento da variabilidade espacial e temporal da produção e dos fatores nela envolvidos. De modo mais simples, pode-se dizer que AP é gerenciar um sistema de produção agricola considerando que ele não é uniforme, isto implica na necessidade de se conhecer as características de cada talhão da propriedade, para então tomar decisões de manejo correspondentes as demandas específicas de cada talhão.
Junto à necessidade de se conhecer as características da produção e dos fatores nela envolvidos para cada talhão, surge a demanda por instrumentos de medidas, procedimentos e mão de obra qualificada para sistematização e análise dos dados obtidos.
Apesar de o caminho para maior adoção de ferramentas de Agricultura de Precisão e maior produtividade ainda ser longo, o panorama atual do uso de mapas de fertilidade do solo, mapas de colheita e principalmente correções e semeadura usando taxa variável na região Noroeste de Minas Gerais, nos permite afirmar que estamos no caminho certo. Esta afirmativa é reforçada principalmente pela maneira como os atores do agronegócio na região Noroeste de Minas Gerais se relacionam, demonstrando que a competência em elevar a produção de alimentos não tem a ver apenas com a adoção de tecnologias, mas também com o dever perante seu compromisso social de aumentar a oferta de alimentos de forma sustentável.
Wesley Esdras Santiago
Engenheiro Agrônomo e Doutor em Engenharia Agrícola.
Professor e Pesquisador na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri em Unaí-MG e atua na área de Sensoriamento Proximal de Cultivos Agrícolas e Agricultura de Precisão